• A AMIGA GENIAL - Elena Ferrante

      No carnaval de 2020 eu decidi ler a tetralogia de Elena Ferrante: A amiga genial. Já fazia um tempo que eu vinha nutrindo um amor pela obra de Ferrante, e estava absorta nas histórias dessa autora que ninguém sabe de quem se trata, sabemos apenas que Elena Ferrante não é seu nome verdadeiro, é um pseudônimo. 

      Desde que li “Um amor incômodo” (outro livro da autora), senti amor à primeira vista, à primeira lida, na verdade. Eu soube depois de um tempo e algumas buscas curiosas que existe, inclusive, uma expressão para justificar a grande comoção que Elena Ferrante causa nos leitores aqui no Brasil. É a chamada “febre Ferrante”. E isso faz todo sentido, porque a gente começa a ler sem saber quem é essa mulher (supostamente, porque nem isso nós sabemos) e termina cada livro ainda mais apaixonado e curioso para saber quem é a pessoa por trás das histórias que provocam um certo vício em quem as consome.

      Lila (Rafaella Cerullo) e Lenu (Elena Greco) são as protagonistas dessa história que se passa em Nápoles, na Itália, a partir do final década de 40, e segue pelos próximos sessenta anos de suas vidas, ou seja, a gente acompanha  a vida inteira das amigas de infância, de suas famílias e dos moradores do bairro muito pobre na periferia na cidade onde elas cresceram. 

      A amiga genial (nome do primeiro livro e que representa toda a tetralogia), traz em sua história, todo o contexto da Itália dos anos 50, 60, no pós-segunda guerra mundial, com o fascismo, perseguições políticas, machismo, como pano de fundo para o desenrolar das duas principais personagens. Essa história é muito envolvente, os livros vão se completando (são eles: A amiga genial, História do nome sobrenome, História de quem foge e de quem fica e História da menina perdida), e é impossível não se apaixonar pelos personagens, pelos conflitos familiares, e por todo o drama que compõe essa obra que eu considero genial.

      “Tinha a impressão de que mesmo absorvendo muito daquele espetáculo, uma enormidade de coisas, inumeráveis, se dissiparia ao redor sem se deixar apreender.”

      Tento não me aprofundar muito nos detalhes dos livros, porque existe um grande risco de que eu acabe falando demais (spoilers, não, né?). 

      Quando a gente se afeiçoa a uma história, não há nada no mundo que faça a gente conseguir parar de querer saber dela até o fim. Ela se prende em cada pedaço da gente. Corrompe algumas de nossas partes que nem sempre aparecem na superfície, levam outras tantas à redenção. Ler os quatro livros dessa história esgotou todo o meu fluxo de pensamentos por alguns dias. Vivi para ela, comi junto dela, dormi e acordei pensando nela. Foi uma espécie de viagem interna às minhas próprias reflexões. Fui espectadora e sobrevivente das vidas contadas, histórias narradas que se passaram em sessenta anos. Quando um livro transmuta todos os nossos sentimentos, a gente pode ter uma grande certeza: ele cumpriu exatamente o seu papel.

      “Como o mar num dia sereno. Ou como o pôr do sol. Ou como o céu à noite. É maquiagem passada sobre o horror. Basta retirá-la, e ficamos sozinhos com nosso assombro.”

      Boa leitura!

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