Eu prometi a mim mesma que deixaria meus escritos por aí, em qualquer realidade, seja ela digital ou analógica, só para que você sinta um pouquinho de mim, onde quer que você esteja. Sempre achei que fazer parte de tudo isso que nos faz existir merecia ser registrado. Eu deveria registrar mais. Muito mais. É tanto sentimento acumulado que rouba o espaço da ordem e muitas vezes eu consigo tornar tudo ainda mais caótico, quando não transformo em palavras.
Meu filho, estar com você me traz a mesma tranquilidade de contemplar um pôr do sol. É exatamente ele que eu estou vendo agora e só consigo pensar em você e na vontade de estar perto. Você é o lado criança que meu corpo adulto precisa sentir um pouco, para que as concretudes da vida não me endureçam por completo. Você é dessas pessoas que sorri com os olhos, que dança de um jeito torto e engraçado e que tem uma mania de morder a gente. É do tipo que não se permite o silêncio porque tem palavras demais para colocar pra fora de si e transcende qualquer explicação que eu possa querer dar à minha existência hoje.
Você é quase sempre tão sorridente, tão na sua própria órbita, que eu acho que veio de muitas vidas pra coexistir junto comigo, mas eu não acredito em reencarnação. Veja só que ironia, você é o único que me faz entrar nesse paradoxo da consciência humana, e isso é tanto pra mim. Tudo que eu não consegui imaginar. Porque construir a nossa vida é o que a gente sabe fazer de melhor.